Guardo para sempre, no meu coração, a memória daquele fim-de-tarde junto ao mar. Como era hábito, desci a rua e escolhi a maior e a mais redondinha das rochas para me sentar. Estávamos no fim do Verão, e uma brisa fresca, com um sabor ainda quente envolvia o ar. Ao contrário dos outros dias encontrei uma rocha diferente, era tão grande que escorreguei na primeira tentativa que fiz para me sentar. Cravei as mãos no basalto morno do sol e lá por fim consegui encarrapitar-me em cima da rocha. Perguntei-me como ela tinha vindo ali parar, era realmente muito redonda e parecia um planeta cinzento no meio das outras rochas.
Tinha 11 anos e tinha também outra pergunta na cabeça já há algum tempo. Quando olhava o mar a minha imaginação voava e deixava-me ficar a olhar o azul para que as respostas chegassem mais rápido. Queria saber qual o segredo que a vida reservava para mim. Era a pergunta que nos últimos dias, semanas e meses andava a incomodar-me. Queria saber qual era o meu sonho e sabia que estava muito perto de o descobrir, pois quando pensava nele o meu coração batia mais depressa, como se quisesse falar.
Fiquei durante horas a ouvir o barulho das ondas, sem dar pelo tempo passar. Recordo-me de ter olhado para o alto e visto duas aves num azul que escurecia lentamente, ali e acolá, despontavam algumas estrelas num céu que anunciava a noite. Mas foi quando olhei para as minhas mãos que o sonho se desenhou dentro de mim, os meus dedos estavam unidos e formavam um coração “Quero juntar duas paixões, o Oceano e as Crianças, e com elas espalhar Sorrisos e inspirar Sonhos. É isso que quero fazer!”
Como o ia fazer? Não fazia a mínima ideia, mas apenas sabia que era possível. Sabia também que não iria contar a ninguém tão depressa a minha descoberta, pois suspeitava que não acreditassem em mim. Por enquanto, iria aprender tudo o que houvesse para aprender. Tinha uma aventura e muito trabalho pela frente.
Com o passar do tempo, chegou a hora. Era preciso colocar uma âncora no meu sonho de menina.
Numa das minhas viagens atravessei o Oceano e esperava-me do outro lado a árvore dos sonhos e num acto simbólico depositei nela o meu sonho.
Quando regressei, fui ao baú buscar as minhas, notas, ideias, esboços, descobertas, percursos, histórias, pois o momento para colorir o planeta cinzento estava agora diante de mim.
E estava prestes a formar-se um novo planeta, chamado Oceans-On®!