A tese não cabia em mim, e eu não cabia numa tese. Durante 9 anos de trabalho, fiz várias propostas de tese para mestrado e doutoramento. Tendo ao meu lado pessoas que me inspiravam e acreditavam no trabalho que desenvolvia, comecei a desenhar teses… e ficarei eternamente grata pela escuta, conselhos e amizade daqueles que estiveram ao meu lado. Fiz propostas de tese em Participação Pública e Áreas Marinhas Protegidas (1998); em Metodologias de Avaliação em Educação Marinha (2005); Modelos Criativos em Campanhas de Educação Marinha; Redes Sociais e Educação Marinha (2006) e outras tantas que ficaram na gaveta.
Foi me dito, várias vezes “…qualquer do trabalho que fez, pode dar uma tese, é só escolher…”. E na realidade, era assim, felizmente tinha tido a oportunidade de trabalhar em projectos aliciantes que me deram imensa experiência prática e desafiaram a minha curiosidade a investigar por conta própria.
Cheguei a duvidar e a colocar em causa a minha capacidade de decisão, de começar e concluir um trabalho, mas por outro lado, não faltavam exemplos de trabalhos, decididos, iniciados e terminados por mim.
Para confusão geral dos que me eram mais próximos entre as propostas de tese que não se concretizavam, devorava cursos, workshops, com uma sede de aprender e descobrir pontos em comum. Cruzava áreas do conhecimento e da vida, desde de economia, conservação, psicologia, arte, educação, desporto, filosofia, design, terapias, comunicação, saúde, sociologia e muitas outras, que realmente deixavam atordoados aqueles que conviviam comigo e no fundo, confesso, a mim própria. Mas não desisti.
No Canadá e no 5º Congresso Mundial de Educação Ambiental, ao conversar com um colega, descobri que o que estava a aplicar na minha vida, tinha um nome “Processo de Autoformação Reflexiva”. Não posso dizer que este facto tenha deixado mais tranquilo quem estava à minha volta, mas sorri. Fazia sentido para mim.
Procurei então, a definição literal de tese. “Tese significa literalmente posição, do grego θέσις, é uma proposição intelectual. Hoje é principalmente um trabalho académico que apresenta o resultado de uma investigação complexa e aprofundada sobre um tema mais ou menos amplo, com uma abordagem teórica definida. É um texto que se caracteriza pela defesa de uma ideia, de um ponto de vista. Ou então pelo questionamento acerca de um determinado assunto. O autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com factos, com dados, que utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias”.
Li e reli a definição. Seria o meu projecto vida uma tese? E as outras teses que desenhava? A questão era clara, as teses que desenhava, desenhava-as pelas razões erradas. Porque o tinha que fazer. Para ser ouvida no meio académico. Porque o meu percurso profissional se esgotava ali. Quanto ao meu projecto de vida, dava-me brilho nos olhos…
Talvez um dia faça uma tese (entenda-se trabalho académico), mas se a fizer não será porque tenho que a fazer. Será porque me dará um brilho nos olhos.
Estou tranquila quanto à minha pegada oceânica.
Por agora, apetece-me fazer e deixar ao mundo uma tese mais divertida, mais alegre e ver o que acontece.
Por agora, apetece-me fazer Oceans-on®!